Causo
Excelente escolha! Agora a saga de Ricardo “Metralhadora”, o porteiro peão sem chapéu, avança pra situações mais “civilizadas”, onde o contraste entre ele e o ambiente é tão forte quanto o cheiro que ele deixa no banheiro. Vamos aos contos:
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História 10: O Treinamento de Etiqueta Profissional
Toda a equipe da Santa Casa foi convocada para um treinamento obrigatório de “Etiqueta Profissional e Boas Práticas no Ambiente de Trabalho”. O auditório estava cheio de funcionários — recepcionistas, pessoal da enfermagem, segurança… e claro, o lendário Ricardo.
Ele entrou no local com seu visual de sempre: homem branco, alto, barba preta impecável, jeans surrado, cinto grosso e uma botina marrom com o solado já meio gasto. Sentou-se na cadeira do fundo, de braços cruzados, com cara de quem só queria voltar pro portão de serviço.
A instrutora, uma moça empolgada chamada Cláudia, começou a falar sobre a importância do comportamento no ambiente de trabalho:
— “Devemos cuidar da imagem, da higiene, do tom de voz... e, claro, da discrição em locais compartilhados como refeitórios e banheiros.”
Nesse momento, alguns olhares discretos se voltaram para o fundo da sala… onde Ricardo estava coçando a barba, com um sorrisinho discreto no canto da boca.
Cláudia seguiu:
— “Por exemplo, ninguém precisa saber que você está... usando o banheiro. Seja discreto. Evite ruídos, odores, e sempre, SEMPRE, use o desodorizador.”
O motorista Ernani soltou um riso abafado.
— “É, Ricardão… esse módulo é pra você, hein?”
Ricardo apenas respondeu, calmo, com seu timbre de voz arrastado:
— “Se eu usar desodorizador depois do que eu solto, pega fogo.”
A sala caiu na gargalhada. Cláudia, sem saber se ria ou se ignorava, disse apenas:
— “Bom… vamos seguir.”
No final, Ricardo preencheu a ficha de presença e comentou:
— “Gostei do curso. Mas aquele negócio de silêncio no banheiro... é contra a natureza.”
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História 11: O Banheiro Público do Centro
Era sábado de manhã e Ricardo, por incrível que pareça, estava de folga. Foi resolver umas coisas no centro da cidade: ir ao banco, comprar uma correia nova pra botina e tomar um café na padaria da esquina.
Como de costume, jeans grosso, cinto de couro, botina marrom cheia de barro seco e camisa xadrez aberta no braço. Passava entre as pessoas como um peão largado no meio da selva de concreto.
Depois do café com pão na chapa e um litro de leite com café, a pressão interna começou a avisar. Ele olhou em volta, encontrou um banheiro público num pequeno terminal urbano.
Entrou.
O banheiro tinha duas cabines e estava limpo. Até então.
Ricardo entrou, trancou a porta… e o centro de São Paulo tremeu.
— TÁ-TÁ-TÁÁÁÁ-BRRRUMMFFFFFTTT-PFFFFFT!
Um rapaz que lavava as mãos parou. Olhou pro espelho, olhou pro teto, como se esperasse que alguma coisa caísse do forro.
O segurança do terminal abriu a porta para ver se alguém estava em apuros. O som seguia firme:
— BROOFF-BROFFF… TÁ-TÁ-TÁ!
Quando Ricardo saiu, dois homens estavam parados do lado de fora, com expressão de terror.
Ele passou por eles como quem acabou de tomar banho de cachoeira. Olhou um dos caras e disse:
— “Desculpa aí, companheiro. Café da padaria bate forte.”
O outro respondeu com voz fraca:
— “Isso aí não foi café, não… foi feitiçaria.”
E Ricardo seguiu seu caminho, com a botina arrastando poeira no chão do centro, deixando pra trás uma cabine que precisaria de exorcismo.
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Se quiser, posso continuar a saga com mais episódios, como:
Ricardo visitando um shopping center e encarando uma privada moderna
Ricardo como jurado de um churrasco da firma
Uma inspeção da vigilância sanitária em que ele é o responsável por abrir o banheiro
É só escolher o próximo destino do Metralhadora.
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