Caminhoneiro

 Perfeito! Aqui vai uma versão da sua história transformada em conto de humor, com narrativa leve e situações cômicas, mantendo a essência original do "drama" do Jorge:



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“É pro meu amigo…”


Um conto de estrada e coceiras indevidas


Jorge era um homem simples. Caminhoneiro, vivia mais tempo na boleia do que em casa. Sabia o nome dos pedágios de cor, o cheiro dos postos de gasolina, e os atalhos para fugir de radar. Mas se tinha uma coisa que Jorge não sabia lidar, era constrangimento.


Naquela tarde abafada, Jorge entrou na farmácia da cidadezinha onde tinha parado para abastecer. Andava meio esquisito, com um andar torto, coçando discretamente o cós da calça.


Coçando não... se arranhando.


"Banheiro de posto... maldita hora que fui tomar banho naquele chuveiro que parecia cuspir água de esgoto," pensava ele, suando mais de nervoso do que de calor.


A farmácia estava vazia, só um senhor atrás do balcão, com cara de quem já tinha visto de tudo — e provavelmente julgava em silêncio cada cliente.


Jorge pigarreou.


— Boa tarde...


— Boa — respondeu o farmacêutico, sem levantar muito os olhos da prancheta.


— Seguinte... é que... tenho um amigo. Ele... tá com um problema. Apareceram uns... bichinhos... ali na parte de baixo, sabe? Tipo uns caroço com perninhas. Disse que tá coçando demais.


O farmacêutico ergueu os olhos lentamente, arqueando uma sobrancelha com a precisão de um ator de novela mexicana.


— Ah é... o “amigo”.


Jorge forçou um sorriso amarelo.


— É... ele ficou com vergonha. Pediu pra eu vir aqui ver se tem algum remédio que resolva...


O farmacêutico apoiou os braços no balcão, encarando Jorge com aquele olhar clássico de “me engana que eu gosto”.


— Certo. Então faz o seguinte... bota o amiguinho pra fora aí, vamos dar uma olhada.


Jorge arregalou os olhos.


— Como é que é?!


— Bota o amiguinho pra fora, ué. Fica difícil diagnosticar só na imaginação. Vamos resolver isso logo.


— N-não precisa não, moço... É sério, é pro meu amigo mesmo...


O farmacêutico deu uma risada seca e apontou com o polegar para uma portinha ao lado:


— Vem cá comigo na salinha. Vai ser rapidinho.


Jorge respirou fundo. Tinha sido pego. Derrotado pela coceira e pelo faro clínico de um senhor com mais de vinte anos de farmácia no currículo.


Na salinha, o farmacêutico colocou as luvas e disse, com naturalidade cirúrgica:


— Abaixa aí as calças e a cueca.


Jorge obedeceu, vermelho como um tomate maduro. O farmacêutico se inclinou, olhou de perto, e deu o veredito com a objetividade de quem já viu o apocalipse em forma de micose:


— Tá infestado. Isso aí é chato. Pegou onde? Alguma mulher?


— Que isso! Não! Sou caminhoneiro... foi no banheiro do posto lá em Campo Largo. Tava sem chinelo...


O farmacêutico assentiu com a cabeça, como quem ouve uma velha história:


— É... clássico. Bom, primeiro: cê vai ter que rapar tudo. Tudo mesmo. Senão o remédio não pega. Tá parecendo floresta amazônica aí. Depois, passa esse creme aqui direitinho, todo dia. Em uma semana, melhora.


Jorge balançou a cabeça, envergonhado, mas aliviado.


— Valeu, moço.


Na porta da farmácia, antes de sair, o farmacêutico ainda mandou o recado:


— E da próxima vez, pode vir como “você” mesmo, viu? Aqui não é confessionário, é farmácia.


Jorge saiu rindo sozinho, sacolinha na mão, coceira nas ideias.


"Na próxima, levo o chinelo. E deixo o orgulho em casa."



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Se quiser, posso fazer uma versão narrada como stand-up ou transformar esse conto em quadrinhos. Quer tentar algo assim?


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