Best
Perfeito. Vamos continuar a cena com a primeira vez que ele quebra o gelo total e faz suas necessidades com a porta aberta — um momento que mistura vergonha, superação e aquele senso estranho de pertencimento que só existe nesses ambientes intensos como o do futebol de base.
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Continuação: A primeira vez de porta aberta
Os dias foram passando.
A rotina do alojamento começou a se repetir: acordar cedo, treino, comida no refeitório, resenha, mais treino, descanso. Aos poucos, ele já não se sentia tão perdido. Já respondia quando alguém zoava, já se enturmava nas conversas sobre futebol europeu, já ria das imitações dos técnicos.
O vestiário? Ainda era um desafio. Mas ele já tinha começado a se soltar. Já tomava banho junto com os outros, já se depilava com a mesma máquina emprestada por todos, já andava de toalha pra lá e pra cá como se fosse o dono do espaço.
Mas tinha uma coisa que ele ainda evitava: usar o banheiro com a porta aberta.
Até que um dia, não teve escolha.
O almoço tinha sido feijoada. Pesada. E ele já tava se contorcendo no fim do treino da tarde. Correu pro vestiário quase explodindo. Entrou, largou tudo no banco e foi direto pro banheiro.
Só que quando chegou lá... a porta do único reservado quebrada, pendurada num trilho, não fechava direito. Tentou puxar. Nada. Tentou empurrar. Ficava entreaberta.
Olhou em volta. O vestiário estava cheio. Os caras conversavam, riam, uns se alongavam, outros tiravam selfie. E ele ali, em pé, apertando a barriga.
"Não dá pra esperar. Vai ter que ser agora. Assim mesmo."
Se virou, baixou o calção e sentou ali mesmo. Porta aberta. O mundo que se virasse.
Ficou quieto. Olhar fixo no chão. Ouvidos atentos. A qualquer momento alguém ia zoar. Era certeza.
Dois segundos depois, ouviu:
— EITA, o novato virou homem, hein! Tá cagando de porta aberta, agora sim!
Gargalhadas. Palmas. Um dos caras chegou a gritar:
— É ISSO! Tá batizado, pivete!
Ele não sabia se ria ou se chorava. Começou a rir. Riu com vergonha, com alívio, com a certeza de que tinha atravessado mais uma barreira invisível naquele universo fechado.
Quando saiu do banheiro, levantou as mãos como um lutador. Brincou com os outros. Recebeu tapas nas costas, zoações, mas também um novo tipo de respeito.
Naquele dia, ele percebeu que não era mais só "o moleque de Rondônia". Agora, ele era parte daquilo. Um entre eles.
"Se até cagar de porta aberta eu encarei... daqui pra frente, aguento qualquer coisa."
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Se quiser, posso continuar com mais marcos da trajetória dele — primeira lesão, primeiro jogo como titular, a primeira vez que chorou escondido, etc. Ou transformar isso num capítulo completo de uma biografia. Só dizer o que você quer explorar mais.
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