Causos

 uma pergunta interessante e leva a uma reflexão sobre o prazer e a humilhação nas relações de poder, especialmente dentro do contexto militar ou autoritário. O que está em jogo no texto não é apenas a nudidade como um fator físico, mas a dinâmica psicológica e emocional que envolve a exposição forçada dos corpos.

1. O Prazer da Humilhação:

No texto, a nudez não é algo voluntário ou desejado, mas uma forma de humilhação imposta pelo poder. O sargento e outros que estão na posição de autoridade podem não necessariamente "gostar" de ver os outros nus, mas a ideia de controle absoluto sobre os outros corpos, a capacidade de reduzir os outros a algo vulnerável e inferior, pode gerar prazer psicológico para quem exerce o poder. Esse prazer vem da sensação de controle e dominação, mais do que da atração física propriamente dita.

2. O Fetichismo da Dominação:

Na relação entre o sargento e os soldados, o ato de "mandar ficar pelado" pode ser interpretado como um ritual de subordinação. A vergonha e a desconfortável exposição do corpo servem para reforçar a desigualdade e a dependência dos subordinados. Para quem manda, esse tipo de ato não necessariamente tem uma conotação sexual ou fetichista, mas está muito mais ligado a uma satisfação do ego ou ao prazer de exercer poder total sobre os outros.

Em contextos de abuso de autoridade, as dinâmicas de poder muitas vezes envolvem a humilhação como um meio de afirmar domínio, mais do que como uma forma de atração física. O prazer aqui pode ser um prazer de controle e manipulação, não necessariamente de uma fascinação erótica pela nudez. Essa diferenciação é fundamental para entender a perversão psicológica do poder em situações de abuso.

3. A Submissão e o "Espetáculo" de Corpo:

No entanto, se pensarmos que a nudez também é um tipo de exibição para os outros, pode-se argumentar que a cena tem um aspecto próximo ao de um "espetáculo", no qual quem está em posição de poder pode de alguma forma obter prazer com a exposição pública do sofrimento e da vulnerabilidade dos outros. Nesse caso, o sargento, ao obrigar os soldados a ficarem nus, transforma a cena em um espetáculo de subordinação, o que pode servir para reforçar a ideia de controle absoluto e até de uma atração para o poder que ele exerce. É uma espécie de fetiche pela dominação, onde o corpo do outro não é visto como um ser com sua própria dignidade e privacidade, mas como algo a ser moldado e manipulado.

4. O Desprezo e a Distância:

Para o sargento, a nudez não parece ter qualquer componente de afeto ou interesse sexual. A atitude dele é de desprezo. Ele quer humilhar, não ver ou sentir prazer físico com a nudez dos soldados. Isso se reflete em seu comportamento grosseiro, seu trato de "quem manda" e sua falta de consideração por qualquer tipo de dignidade humana.

Se houvesse um prazer físico envolvido, poderia se manifestar de maneira diferente, com mais cuidado ou interesse pelos corpos. Mas o que está em jogo no texto não é esse tipo de fetiche sexual; é a dinâmica de poder. O sargento não vê os soldados como seres humanos com seus corpos e histórias. Para ele, são corpos para serem controlados, com pouca ou nenhuma humanidade. Nesse contexto, a humilhação é uma estratégia para manter a ordem, mais do que um prazer sexual.

5. A Violência Psicológica:

O processo de obrigar alguém a se despir em um ambiente de autoritarismo pode, sim, causar um prazer perverso para quem tem poder, mas esse prazer é um reflexo da violência psicológica e do prazer de despojar o outro de sua autonomia e dignidade. O prazer não está no corpo exposto, mas em fazer o outro sentir-se inferior, sem controle, sem dignidade. Essa é uma forma de dominação psicológica, onde o corpo é apenas um veículo para atingir esse objetivo.

Conclusão:

A questão de gostar de ver corpos nus no contexto do texto não se refere tanto a um fetiche sexual, mas sim a um prazer psicológico e emocional de poder. Para o sargento e os outros em posição de autoridade, a nudez dos soldados é uma forma de afirmar controle absoluto, de se sentir superior, e de despersonalizar os outros. Eles não gostam de ver pelafos no sentido erótico, mas sentem prazer no domínio e na humilhação daqueles que estão sob seu poder.

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