Causo

 Dor de Cidinho

Oh, corpo bruto, férreo, erguido,
Com mãos calejadas pela lida,
Agora se curva, desfeito, sofrido,
Na humilhação da vida perdida.

Vê, Cidinho, o macho que se ergueu,
Vítima da carne que sempre negou.
Agora, de quatro, diante do que temeu,
O espólio do tempo que lhe tomou.

Seu peito ruge, mas o rosto se envergonha,
A dor que nasce na alma, se expande,
E o médico, impassível, impõe a vergonha
Em cada toque que o seu corpo demanda.

Os músculos, antes firmes, se rendem,
A humilhação cala sua garganta,
A dor que vem do íntimo o ofende,
E a dignidade se esvai, quebranta.

Não há mais a farsa de invulnerável,
Não há mais a pose de quem resiste.
O homem forte, agora, é instável,
Fragmentado, no abismo que existe.

E sua esposa, com olhos serenos,
Sorri, sem saber da dor latente.
E Cidinho, com olhos pequenos,
Carrega o peso de ser tão impotente.

Ah, vida, cruel e implacável,
Tu arrancas o véu, desnudando a verdade,
E até o macho, em sua fragilidade,
Se vê, por fim, no abismo do inevitável.


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