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ChatGPT
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Cidinho sempre foi o tipo de homem que achava que seu corpo era só dele. Não gostava de falar sobre saúde, sobre doenças, sobre as fraquezas que qualquer ser humano pode enfrentar. Homem de mais de cinquenta anos, com um jeito de quem sempre foi “macho”, robusto, de voz firme, um tipo que se orgulhava de nunca ceder às pressões da vida. Isso, claro, até sua esposa começar a insistir em algo que ele não queria nem ouvir falar: a tal da retoscopia.
No começo, foi uma conversa tranquila. Ela, com aquela cara de quem sabia que estava prestes a ganhar uma discussão, foi sugerindo como quem não quer nada: “Cidinho, já tá na hora de fazer um check-up, né? Só pra garantir que tá tudo certo.” Cidinho, com seu ar de homem resolvido, desconversou. Ele não precisava disso. Ele estava forte, saudável, nada de problemas por ali. Mas a mulher, com aquele jeitinho persistente, não deixou pra lá. Foi insistindo, e Cidinho, com vergonha de admitir que o corpo já não era mais o mesmo, foi cedendo aos poucos. Ela não desistiu e, no fim das contas, marcou a consulta. E como se aquilo já não fosse humilhante o suficiente, ainda foi ela quem o levou.
Chegando lá, ele sentiu o cheiro do ambiente frio, o olhar atento dos enfermeiros, e o desespero de ver aqueles equipamentos que ele nunca pensou que teria que encarar. “Isso não é pra mim”, pensava. Era uma cena de horror, uma história que ele nunca imaginou viver. O médico o chamou para entrar, e o suor começou a escorrer de sua testa. Não por medo da dor, mas pela sensação de vulnerabilidade. Ele, que sempre achou que o controle de tudo era seu, agora era um homem submisso a uma situação que não sabia nem como lidar.
Ele entrou na sala, e a ideia de ter alguém mexendo com algo tão íntimo foi um golpe. A vergonha invadiu seu peito de uma forma que ele nunca sentiu antes. Não podia mais fingir que o corpo era invencível, que era invulnerável às exigências do tempo. Não podia mais ser o “Cidinho” que enfrentava qualquer parada, qualquer desafio. Agora ele estava ali, deitado na maca, com a vergonha estampada no rosto, enquanto o médico explicava o que iria fazer. Ele até tentou rir, tentar descontrair a situação, mas a piada não veio, a dor e a humilhação ficaram.
A sensação de impotência, de ter sido levado a fazer algo tão íntimo, algo que ele nunca imaginou ser necessário, ficou com ele por dias. Ele tentou esconder, tentou manter a fachada do machão, mas sabia, no fundo, que a vida o havia alcançado. Não era mais o Cidinho de antes. Ele sentiu na pele, no corpo e no ego a dor de ser apenas mais um homem que não pode escapar das realidades da vida.
E a pior parte? Foi quando, ao sair da consulta, a esposa lhe deu um sorriso orgulhoso. Ela sabia que tinha vencido. Ele, com o rosto vermelho, forçou um sorriso, mas algo dentro dele havia mudado. Ele não era mais o mesmo. A retoscopia não foi só um exame físico, mas um lembrete de que o tempo chega para todos. E, às vezes, não dá para negar.
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